Um mundo de água e selva







Manaus talvez seja a mais brasileira das capitais. Escorada pela selva e banhada pelas águas do rio Negro, a presença de índios de muitas etnias do Amazonas, são 64 contatadas e 13 ainda não contatadas, pelas ruas da cidade dão uma ideia do caldo cultural que é a sua vida cotidiana. Lado a lado, indígenas aculturados e nordestinos formam a grande massa humana que povoa o centro da cidade, entre vendedores ambulantes, artesãos e carregadores de gelo na área portuária de Manaus.
Dois alto-falantes (no alto das ruínas de prédios antigos) da Rádio Comunitária Fluvial anunciam chegadas e partidas de barcos, tocam música e tentam passar informação inteligível no ruidoso vai-e-vem de pessoas, carros e ônibus. Passear a pé pelo centro é uma experiência sociológica. Sentar-se à sombra de uma árvore e observar o movimento é impagável.
Praticamente todas as ruas centrais estão tomadas pelo comércio ambulante, que convive porta a porta com lojas de produtos populares, e, nem tanto. Há lojas de calçados, bijuterias finas, decoração, agências bancárias e até lojas de grandes redes de supermercados. Uma convivência difícil de imaginar no Sudeste do País. Para o pedestre, resta uma passagem no centro da calçada. Mas é possível passar com tranquilidade. O mais difícil é driblar vendedores das próprias lojas, que adotam o marketing dos ambulantes e soltam a voz com suas ofertas.
Da mesma forma que o olhar se depara com as lonas amarelas, vermelhas e azuis das barracas, em meio a tudo isso saltam prédios históricos belíssimos, que não só mostram a riqueza da Manaus antiga (Manaós), mas também do próprio Brasil. O centro histórico é de rara beleza. Prédios como o da alfândega, trazido desmontado da Europa, o da catedral de Nossa Senhora da Conceição, do porto e do Mercado Municipal de Manaus (em fase de recuperação), dão uma ideia do que foi a cidade na época áurea da borracha, há pouco mais de cem anos. O relógio municipal cuja torre foi edificada sobre pedra e alvenaria é alemão e tem lugar de destaque na calçada da praça da catedral; ainda marca a hora certa e é referência como ponto de encontro. No centro também há uma feira permanente de artesanato, frequentada obviamente por turistas. Ali é possível comprar bijuterias feitas com pedras, sementes, escamas do peixe Pirarucu, fibras naturais, cestos, remos decorativos, artefatos indígenas, camisetas e miniaturas em madeira, geralmente nobres, como o Pau Brasil. O preço não chega a assustar. A máscara em primeiro plano, da foto acima, é confeccionada com escamas de Pirarucu, sementes naturais e tingidas e a boca é da Piranha.
Para almoçar, há vários restaurantes e escolher um deles não é difícil: procure ver se há frequência de funcionários das lojas e dos prédios administrativos, como o do Ministério da Fazenda, que fica em frente ao porto. Uma enorme placa afixada (foto acima) na área interna do porto, com uma frase do poeta amazonense Thiago de Mello, resume em poucas palavras o que é a Amazônia.

4 comentários:

Unknown disse...

Muito legal Maria, gostei muito, quando quiser "Fotos" ou história, contos e lendas, se eu puder te ajudar me avise. Parabéns!

Unknown disse...

Oi Maria, não sei se o primeiro comentá foi, mas quero registrar que achei muito legal, precisando de algo é só pedir que eu te mando.Parabéns!!
Léo

Maria Antonia disse...

Léo, mais uma vez obrigada pela hospitalidade e pelo tudo que me ajudou a conhecer no Amazonas. Manaus é linda mesmo. Vocês têm razão de ter o orgulho que têm dessa terra.

Cláudio Henrique disse...

Este Brasil é mesmo lindo. Sem dúvidas a nação mais encantadora deste mundo. Abraços, Maria, e continue divulgando este espeho de Deus.