Fé que comove






Uma das coisas que mais têm me comovido é a fé do povo amazonense. Visitei algumas comunidades do interior, e lá me parece que as pessoas são ainda mais crentes. Talvez pelas dificuldades que enfrentam, maiores em relação a quem mora em Manaus, por exemplo. Uma das mais marcantes é a locomoção. São poucas as rodovias, geralmente à mercê das chuvas, que podem levar pontes e trechos inteiros de estrada para os igarapés. Uma das consequências é o precário atendimento de saúde e as dificuldades para o próprio estado fornecer o básico que é sua obrigação.
A energia elétrica vem de geradores, dia e noite. A diversão se resume a alguns poucos bares, mistos de lanchonete e restaurante. O trabalho, se não é na área pública, está geralmente ligado aos rios e à mata. Com atividades legais e ilegais. Vai da consciência de cada um. Ou da sua necessidade de sobrevivência.
Cheguei a Novo Airão justamente no dia 30 de junho, dia de São Pedro, protetor dos pescadores. Participei de todas as festividades em honra ao santo e tive um dos dias mais gostosos que passei até agora no Amazonas. Fui à procissão de barcos pelo rio Negro e pelas ruas da cidade, que precederam a uma missa.
Posto cinco fotos, que me marcaram muito. A dessa senhorinha, Maria, que passou todo o tempo da procissão pelo rio tentando manter sua vela acesa, já que não havia levado nada para barrar o vento - queimou a mão calejada, mas não desistiu de sua reverência a São Pedro; a do garoto, que segura firmemente a vela, conforme mandara a mãe; a da imagem, única no barco a receber a luz do sol naquele fim de tarde; a de fieis que carregavam a imagem de volta à igreja, onde é seu lugar e a dos curiosos no porto, à espera da atracação do barco.
Especialmente quando vou para o interior, quando entro em contato com a natureza como ela é, é inevitável pensar em como tudo isso aqui é imenso e ainda insondável. E o quanto a fé é companheira dessa gente, nossos irmãos brasileiros.

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